Estrutura Básica do Cálculo Judicial
Autor: Edmilson Galvão Publicação: 12/05/2025 Atualização: 12/05/2025

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Os cálculos judiciais consistem na apuração de valores monetários relacionados às decisões judiciais, atuando como instrumentos que traduzem, em números, os direitos e obrigações reconhecidos em processos.
Para que seja considerado válido e eficaz, o cálculo judicial deve obedecer a uma estrutura lógica e técnica, conforme previsto no ordenamento jurídico brasileiro. Ele deve ser inteligível, acessível e auditável, não bastando apenas o valor final: é necessário que todos os critérios estejam expostos com clareza.
Estrutura Essencial de um Cálculo Judicial (Art. 524 do CPC)
O cálculo judicial deve respeitar os princípios da transparência e do contraditório. Isso implica que o demonstrativo apresentado deve permitir à parte contrária impugná-lo de forma precisa. O artigo 524 do Código de Processo Civil estabelece os requisitos essenciais para a apresentação do cálculo:
Art. 524. O requerimento [...] será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome e o CPF/CNPJ do exequente e do executado;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
Com base neste dispositivo legal, podemos definir que a estrutura de um cálculo judicial deve conter os seguintes elementos:
1. Identificação do Processo
O cálculo deve iniciar com a identificação completa do processo, incluindo número, vara, nomes das partes e a qualificação do profissional que elaborou o cálculo.
2. Especificação das Bases de Cálculo
É crucial detalhar todos os critérios utilizados para a apuração dos valores, como:
- Índices de atualização monetária;
- Juros aplicáveis (remuneratórios, moratórios, etc.);
- Termo inicial e final de cada encargo;
- Periodicidade da capitalização dos juros, se houver.
3. Apresentação Detalhada dos Valores
Os valores apurados devem ser discriminados, especificando o principal, a correção monetária, os juros de mora, multas e outros encargos aplicáveis, culminando no valor total de forma destacada.
Outros Elementos Importantes
Além dos requisitos legais, é boa prática apresentar um resumo introdutório com a finalidade do cálculo, a natureza da demanda (trabalhista, cível, etc.), a decisão judicial que o motivou e o período considerado na apuração.
Conclusão
A estrutura de um cálculo judicial não se resume à apresentação de um valor final. Trata-se de uma peça técnico-jurídica que deve ser clara, detalhada e fundamentada. Um cálculo bem estruturado facilita a análise do juiz e das partes, reduzindo riscos de impugnações e contribuindo para a celeridade e segurança jurídica no processo.
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Escrito por:

Possui mais de 10 anos de experiência atuando como perito contábil do juízo em varas da Justiça Federal, Estadual e da Justiça do Trabalho além de atuar como consultor em matéria de cálculos judiciais para Escritórios de Advocacia, Empresas e Advogados.