O que são Expurgos Inflacionários dos Planos Econômicos do brasileiro?

Autor: Edmilson Galvão      Publicação: 10/10/2020      Atualização: 13/06/2024

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O que são os expurgos inflacionários dos planos econômicos?

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Expurgos inflacionários referem-se a ajustes realizados em valores monetários para corrigir distorções causadas pela inflação. Quando há uma alta inflacionária, o poder de compra da moeda diminui ao longo do tempo. Isso significa que o valor nominal de uma quantia em dinheiro é corroído pela inflação, tornando necessário aplicar uma correção monetária para manter seu valor real.

Os expurgos inflacionários podem ocorrer em diversas situações, como no pagamento de dívidas, contratos, precatórios ou depósitos judiciais. A correção monetária adequada visa restabelecer o valor real desses montantes, levando em consideração a perda do poder de compra causada pela inflação durante o período em questão.

No contexto brasileiro, os expurgos inflacionários ganharam destaque devido a certos períodos econômicos em que os índices de correção monetária utilizados pelas instituições financeiras e pelo governo resultaram em pagamentos de obrigações com valores inferiores aos realmente devidos. Isso ocorreu durante os planos econômicos implementados para controlar a inflação, como o Plano Bresser, o Plano Verão, o Plano Collor I e o Plano Collor II.

Plano Bresser (junho de 1987)

O Plano Bresser foi o primeiro de uma série de planos de estabilização da economia lançado em 12 de junho de 1987 pelo Ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, durante o governo de José Sarney.

Esses decretos estabeleceram medidas como o congelamento de preços, salários e câmbio por 90 dias, criou a Unidade de Referências de Preços - URP, e eliminou subsídios com a expectativa de conter as importações que atrapalhavam o Plano Cruzado.

O objetivo principal do Plano Bresser era reverter os efeitos negativos do Plano Cruzado (1986), que não teve sucesso a longo prazo. Para isso, adotou uma série de medidas, incluindo o congelamento de preços, salários e câmbio, visando controlar a inflação.

Apesar das intenções do plano, os resultados alcançados foram limitados. A inflação não foi controlada de forma duradoura, e a economia brasileira continuou enfrentando desafios significativos nos anos seguintes, sendo um marco importante na complexa história econômica do Brasil.

Plano Verão (janeiro de 1989)

O Plano Verão foi implementado no Brasil em janeiro de 1989, com o objetivo de estabilizar a economia. No entanto, a forma como a correção monetária foi calculada durante esse período resultou em expurgos inflacionários.

No caso do Plano Verão, os expurgos ocorreram principalmente nos valores depositados em cadernetas de poupança. A correção monetária adotada pelo governo considerou um índice de 26,06% para o mês de janeiro de 1989, enquanto a inflação real medida naquele mês foi de aproximadamente 42,72%.

Essa diferença entre o índice utilizado e a inflação real resultou em uma perda do poder de compra para os poupadores, gerando uma defasagem entre o valor devido e o valor efetivamente pago.

Plano Collor I (Março de 1990)

O Plano Collor I foi implementado no Brasil nos meses de abril e maio de 1990, durante o governo do presidente Fernando Collor de Mello. O objetivo principal era combater a inflação, que atingia altos patamares na época.

Os expurgos inflacionários afetaram principalmente os valores depositados em cadernetas de poupança e contas correntes. A correção monetária aplicada durante esse período considerou um índice de 44,80% para o mês de março de 1990, enquanto a inflação real medida nesse mesmo mês foi de aproximadamente 84,32%.

A diferença entre o índice de correção monetária utilizado e a inflação real gerou uma redução nos valores corrigidos e resultou em perdas para os poupadores e investidores. Essa defasagem foi alvo de inúmeras disputas judiciais.

O cálculo dos expurgos inflacionários do Plano Collor I é baseado na diferença percentual entre os índices aplicados e a inflação real. Por exemplo, se o índice utilizado foi de 44,80% e a inflação real foi de 84,32%, a diferença de -39,52% indica a redução no valor corrigido.

Plano Collor II (Fevereiro de 1991)

O Plano Collor II foi um conjunto de medidas econômicas implementadas em fevereiro de 1991. Esse plano teve como objetivo combater a inflação e estabilizar a economia do país. No entanto, as medidas adotadas resultaram novamente em expurgos inflacionários.

No contexto do Plano Collor II, os expurgos estiveram relacionados principalmente ao congelamento dos ativos financeiros dos brasileiros. Foi determinado um limite de valor para os depósitos bancários, e o valor excedente foi bloqueado e corrigido por índices de correção monetária que não acompanharam adequadamente a inflação real. Isso resultou em uma defasagem entre o valor corrigido devido aos depositantes e o valor efetivamente restituído.

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Escrito por:

Edmilson Galvão

Edmilson Galvão

Advogado | Contador | |

Possui mais de 10 anos de experiência atuando como perito contábil do juízo em varas da Justiça Federal, Estadual e da Justiça do Trabalho além de atuar como consultor em matéria de cálculos judiciais para Escritórios de Advocacia, Empresas e Advogados.


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